"Negra, Pérola mulher"
No início, apenas a escuridão e o vazio.
Orunmilá, meu Deus supremo, me legou o dom da criação e da transformação,
Sou Éyámì, a grande mãe ancestral, senhora dos pássaros, Eleèye.
Matizei cor e vida, emoldurei paragens exuberantes, África.
Fiz-te berço de civilizações, morada de guerreiros.
Nesta terra me tornei Gèlédé, negra feiticeira,
Danço para a vida, para a natureza.
Despertei paixões afrontando costumes e tradições milenares,
Minha ousadia foi perfume sedutor que ao grande rei encantou.
Sou mulher forte, desafiei e fui desafiada,
Nunca me rendi, nunca temi nada.
Pelas mãos do branco fui levada a um novo mundo,
Escrava da dor e do sofrimento.
Mas resisti, tornei-me quilombola,
Meu sangue de guerreira me fez rainha audaciosa,
Santa e bela como uma rosa.
Perpetuei o clamor aos meus deuses encantados,
Ao som dos tambores todos foram louvados.
Minha beleza foi fonte de inspiração dos artistas em suas criações,
Fui estrela, negra musa, mulher inspiração.
Sou mulher brasileira em cena,
Estou no esporte, na dança e literatura,
Tenho o dom de cantar e encantar.
Hoje, sou vitoriosa, não há barreiras ou fronteiras,
Sou símbolo de fé de toda uma nação,
Mãe padroeira de todos os corações.
Sou negra, pérola mulher.
Samba-Enredo
Ô ô ô ô
Nessa festa vai ter zoeira
Quilombola é brasileira
Faz kizomba a noite inteira!
Orunmilá
Me deu a luz que veio despertar a criação
E o dom divino para transformar
Eu sou raiz ancestral, herdeira
Iyámi, eleyé, guerreira
Matizei as cores de mãe áfrica
Berço, história viva em lutas nesse chão
Geledé, fiz da magia minha perfeição
Amor, paixão, sublime beleza
Dançar feliz, saudar a natureza
Encanto, poder e sedução
Toca o tambor
Eu quero ver requebrar
Esse swing da cor... É ginga
Mesmo na dor não me deixei abalar
Meu sangue é raça e axé
Menina
É odara
Louvar aos deuses em uma só voz
Oxalá derrame bênçãos sobre nós
Nobreza singela
A rosa mais bela
Luz da inspiração
Negra mulher
Mãe padroeira do brasil tu és
O morro da formiga aos seus pés
Sob teu manto nossa proteção
A lágrima que hoje desce do olhar é emoção
Meu império da tijuca
Vem exaltar a sua luta
















