Mocidade 1996

Criador e Criatura

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Resultado 
Campeã do Grupo Especial (LIESA) com 300 pontos

Data, Local e Ordem de Desfile 
8ª Escola de 18/02/96, Domingo
Passarela do Samba

Autor(es) do Enredo 
Renato Lage

Carnavalesco(s) 
Renato Lage

Presidente 
Jorge Pedro Rodrigues

1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira 
Lucinha e Rogério

Coreógrafo da Comissão de Frente 
Claudia Ribeiro

Bateria 
300 Componentes sob o comando de Mestre Coé

Contigente 
4000 Componentes em 26 Alas
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Samba Enredo


Autor(es) 
Beto Corrêa, Dico da Viola, Jefinho e Joãozinho

Puxador(es) 
Wander Pires Nunes

Cheio de amor
O Criador
Findou sua divina solidão
Fez surgir a natureza
Universo de fascinação
Luz, terra e mar
No firmamento astros a bailar
E numa luminosa inspiração
Faz o homem a mais sublime criação
Assim, o homem com sua ousadia
Avança o sinal no jardim do amor
Deu um salto, dominou a terra
Terra de Nosso Senhor

Olha pra mim, diga quem sou
Eu sou o espelho, sou o próprio Criador

Gênios, artistas e inventores
Fazem um mundo diferente
Mexem com a vida da gente
Dando asas à imaginação
Em uma nova era
A gente não sabe o que nos espera
Vem nessa, amor, pra um novo dia
Brincar no paraíso da folia

A mão que faz a bomba, faz o samba
Deus faz gente bamba
A bomba que explode o nesse carnaval
É a Mocidade levantando o seu astral

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Sinopse do Enredo

Imagem: http://www.galeriadosamba.com.br/images/uploadea/10%5C3968/506253.jpg
Gênesis

No princípio era o caos, o mundo incriado. A matéria se achava em estado bruto, sem forma e sem sentido. Deus na sua grande e divina solidão cansou-se da desordem das coisas, e de estar sozinho, usou de seus poderes de criador e resolveu criar o mundo.

Espetáculo grandioso foi o ato da Criação. A cada palavra pronunciada pelo Criador algo ia tomando forma. Mandou que luz se fizesse e a luz se fez, ordenou que se separassem as águas dos rios e dos mares, e a sua vontade se fez. Ordenou que se separassem as águas dos rios, e dos mares, e a sua vontade se fez. Firmou a terra, ergueu montanhas , colocou os astros no firmamento, eapartou os dias e as noites para que houvesse o tempo,a duração e a eternidade. O criador em sua tarefa incansável cobriu com árvores e frutos a nova terra e de bichos povoou as águas, os céus e os campos para encher de vida os encantos que fizera.

Porém faltava ainda alguma coisa ao mundo recém criado. Um ser pleno de vida e inteligência que habitasse o paraíso terreno. Então o Criador com sua luminosa inspiração criou o Homem. Quis que ele fosse feito à sua imagem e semelhança e assim se fez; o homem, a mais bela e engenhosa criação do Criador.


A hora e a vez do Homem

Muito cedo o Homem movido pela astúcia e pela ousadia avança o sinal vermelho da sua condição de mera criatura obediente no Jardim do Édem. Tocado por sua vontade própria, ia tomando conta da terra, senhor das próprias decisões. Assim arriscava, observava, pensava, num grande desafio tornava-se tambémcriador. Engenhosa criatura o bicho homem. Do pouco que tinha à mão, deu o salto que o destacou das demais espécies animais. Nasceu como inventor, autor de sua façanha nos caminhos da invenção. Da perda polida fez seu instrumento mais rude, soube se apoderar do fogo, moldou suas primeiras ferramentas para facilitar a vida ou causar a morte, como arma ou peça indispensável. O Homem inventava para o bem ou para o mal, para paz ou para a guerra. A criatura se fez criador.


A marcha das invenções

Usando a imaginação o Homem acelerava aos poucos a marcha lenta da história. Obedecia ao impulso de dominar as forças da natureza a seu favor e subjugar o mundo, transformando e cada vez indo mais fundo no conhecimento das coisas que o cercava. Vontade de avançar, desejo de beleza, visão humana, fazer o mundo a sua maneira para que a vida fosse cada vez mais fácil duradoura e vivida com prazer.

Nesta busca, o homem não conheceu limites. Da invenção da alavanca, aos modernos guindastes, da roda de madeira aos aviões supersônicos, das primitivas roldanas aos supercomputadores ou da rudimentar rosca ou do simples parafuso à invenção da imprensa, desaguar no mundo moderno. Hoje, paga o seu preço. A criatura, espelho do Criador, tem um brinquedo nas mãos e não sabe onde mora o perigo.


Apocalipse agora ou fica pra outra hora

Os gênios, os inventores, os artistas, seguraram a onda do mundo. Criam, transformam, dão asas à imaginação e estão na ponta da lança da sociedade. As suas figuras estão ligadas a idéia de ''progresso'', esta palavra quando lançada contra o futuro, fica vazia. Pela mão do homem criador o mundo se enche de novos sentidos e de coisas originais. Mas a velocidade com que a criação adentra por caminhos desconhecidos é um lance arriscado. A inventividade, a mesma que cria conforto e comodidade para a vida, deixa um rastro perigoso.

O homem desmonta o átomo, mexe com energias que não sabe segurar. A criatura, espelho do criador, investiga a vida, se fecha nos laboratórios, descobre os genes, a procriação em proveta, os códigos genéticos, conquista espaço e pensa no homem artificial. Enxerga a natureza como inimiga, constrói e destrói, avança e polui, suja e modifica a paisagem do dia pra noite como que deixasse escapar do seu controle a razão dos seus inventos.

Destino do homem : viver a contradição. Acordado vislumbra grandes invenções, quando dorme sonha temendo o amanhã, vendo a cena de seus erros do presente. O poder da criação é indefinido. A mão que faz a bomba faz o samba, o Deus que fez o homem, fez o samba para driblar os cavaleiros do apocalipse e reinventar o mundo, com a saudade que deixou no paraíso...

RENATO LAGE

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